Enic Valorizacao da engenharia transparencia relacoes

Valorização da engenharia e transparência nas relações institucionais são tópicos de debate no ENIC


Com objetivo de evoluir no desafio constante que representa a Indústria da Construção, empresas discutiram sobre os conceitos de valorização, ética e transparência

A valorização da engenharia e a transparência nas relações institucionais, ambos fatores determinantes para o sucesso na implantação de projetos, estiveram no centro do debate do Painel realizado pelo Fórum Nacional de Empresas Prestadoras de Serviços, na 88ª edição do ENIC. O Fórum é presidido pelo SINDUSCON-MG, e o evento contou com a mensagem de boas-vindas do presidente do órgão, Engº André Sousa Campos, que reforçou a relevância das discussões para o futuro da Indústria da Construção.

Como foi o painel?

O Painel foi mediado pelo Vice-presidente de Obras Industriais e Públicas e Presidente da Reta Engenharia, Engº Ilso José de Oliveira. Para ele, a discussão contribui para elevar o nível de maturidade das empresas que trabalham no Setor. “Torna-se cada vez mais importante somar o conhecimento adquirido e as lições aprendidas em benefício da Engenharia. Precisamos nos esforçar para enxergar esse exercício como um investimento, uma vez que os insucessos ocorrem, em sua maioria, por causa de estratégias mal implementadas, e não pela falta delas”, explicou o engenheiro.

Planejamento e gerenciamento de projetos

O planejamento e o gerenciamento também foram apontados como fatores determinantes para o sucesso dos projetos. “Planejar é preciso. É comprovado que o tempo e o esforço dispensados durante a fase de planejamento dos projetos no Brasil são inferiores aos de países desenvolvidos. Talvez, por isso, os índices de sucesso em implantação de projetos nestes países seja quase 30% maior. É nosso papel quebrar estes paradigmas”, pontuou Ilso.

Gestão compartilhada

O Painel deu continuidade ao tema tratado na edição anterior, quando foi discutida a necessidade de unir esforços em prol de uma Gestão Compartilhada, tendo como objetivo melhorar a qualidade e a eficiência dos projetos. Em 2016, com a temática mais amadurecida, foi tratada uma nova etapa deste processo, também inserida no conceito de Gestão Compartilhada.

Aplicações da Gestão Compartilhada no Planejamento Integrado

P:\23 ENIC\88º ENIC - 2016\ENIC 2016\Matheus 1.jpg

Planejamento Integrado foi tema da palestra da Reta Engenharia.

Cases apresentados

Quatro cases reais de projetos nos quais o planejamento integrado foi fator decisivo para alcançar as metas propostas foram destacados pelo Engº Matheus Gomes Lima, da Reta Engenharia, que realizou a segunda palestra do evento, com o tema Planejamento Integrado. Em sua exposição, o engenheiro apontou a disparidade encontrada entre o Brasil e países desenvolvidos, quando comparado o tempo dedicado à fase de planejamento dos projetos. “No Brasil, dedica-se pouco esforço à fase de planejamento. Em países como Alemanha e Japão, estima-se que metade do prazo total de execução de uma obra seja dedicado a esta disciplina, enquanto no Brasil, dedicamos apenas um quinto do prazo total”.

Além da importância de se planejar, o engenheiro pontuou, também, a necessidade de envolver todos os agentes do projeto nesta fase. “Não basta cada um planejar sua estratégia. O Planejamento Integrado implica que todos os envolvidos enxerguem o objetivo com sendo único e exclusivo, e então sigam uma mesma direção. Essa ação é fundamental e indispensável para alcançar o sucesso das estratégias estabelecidas em um projeto”, destacou ele.

Envolvimento das projetistas na fase de implantação

P:\23 ENIC\88º ENIC - 2016\ENIC 2016\13227536_985781474873361_7409565220923287967_o.jpg

Ausenco enfatizou o valor das etapas iniciais para o sucesso na implantação de projetos.

Para o Engº Ricardo Fabel Braga, Diretor Geral da Ausenco, o envolvimento das empresas projetistas na fase de implantação de projetos é essencial para a obtenção de bons resultados. Em sua palestra, o engenheiro exemplificou como a fase de elaboração da engenharia pode impactar, posteriormente, na implantação do projeto. Segundo ele, da análise técnica das propostas de fornecimento de equipamentos, até o planejamento da engenharia em consonância com o cronograma de obras e com o plano de suprimentos, tudo pode impactar positivamente o momento da implantação, caso este envolvimento entre as empresas seja real. “As maiores oportunidades de criação de valor nos projetos ocorrem, preferencialmente, nas etapas iniciais de sua materialização, quando os conceitos básicos são definidos”, explicou ele.

O engenheiro reforçou, ainda, aspectos da Gestão Compartilhada que considera como grandes desafios a serem superados, tais como: o compartilhamento de lições aprendidas em projetos similares; o envolvimento das construtoras e montadoras na fase de desenvolvimento dos projetos; discussões sobre metodologias executivas, sequenciamentos e soluções de engenharia que otimizem os custos para empreendedor e executor; e a necessidade de envolver a equipe de engenharia que participou no desenvolvimento do projeto, durante a fase de implantação.

Participação na definição de controles técnicos eficazes

P:\23 ENIC\88º ENIC - 2016\ENIC 2016\13227706_985781531540022_3730342601853973455_o.jpg

Montcalm Montagens Industriais exemplificou como o envolvimento de todos os agentes é indispensável para a criação de controles técnicos eficazes.

O destaque da palestra do Engº Oscar Simonsen, Diretor Superintendente da Montcalm Montagens Industriais, foi a Gestão Compartilhada dos controles técnicos durante a implantação de projetos. O engenheiro destacou como imprescindível a elaboração de uma matriz de comunicação, envolvendo toda a equipe de gerenciamento do projeto, que permita analisar desvios de escopo e prazo, controlar as não-conformidades e monitorar aspectos de risco de forma conjunta.   

Como exemplo, Oscar apresentou sistemas de controle utilizados em sua empresa. “Estas ferramentas têm agregado eficácia ao acompanhamento, possibilitando a aplicação de tempestivas ações corretivas e, por consequência, contribuindo para a eficácia do desempenho na implantação dos projetos”, avaliou ele.

Valorização da transparência

Legenda: “O princípio da transparência deverá levar as empresas a adotarem valores fortes que sejam orientados por um sentido de integridade nos negócios” Rogério Galvão, da Vale.

A transparência e a ética nas relações institucionais foram tema da palestra do Engº Rogério Galvão, Gerente de Desenvolvimento de Projetos Ferrosos da Vale. Apontando o destaque que vem obtendo o conceito de transparência empresarial na última década, o engenheiro reafirmou sua importância no resultado do projeto. “O que muitos não imaginam é que este fator também tem uma influência direta na atuação da equipe e, consequentemente, no resultado do projeto. Transparência não significa expor todo o processo da empresa, uma gestão transparente significa que as decisões e os processos devem se dar de maneira clara e bem definida para os stakeholders”, destacou ele.

Em sua explanação, Rogério trouxe, ainda, dados que apontam que 45% dos gerentes de projetos apresentam dificuldades de se comunicar de forma eficaz com os funcionários, fator que reforça a necessidade de ampliação do conceito de transparência como forma de agregar valor às equipes. “Uma resposta à criação de transparência é o desenvolvimento da competência no time de projeto, que atualmente busca compreender quais os benefícios a serem entregues pelo projeto, quais os interesses envolvidos no contexto, qual a cultura dos envolvidos e assim definir ferramentas técnicas de Gestão que não sejam somente um cronograma colado na parede, mas que seja uma ferramenta de previsibilidade e competitividade para a organização”, explicou.

Em defesa do tema, Rogério Galvão propôs soluções para a construção do que chamou de “um poder positivo compartilhado”, como a criação de um ambiente colaborativo, estimulando os profissionais a atuarem de forma proativa diante das adversidades e criativa ao propor novas soluções; a disponibilização de dados sólidos que exponham tanto os resultados positivos quanto as quedas na produtividade; e o compartilhamento das informações com os colaboradores, uma vez que a “comunicação” é um dos fatores menos priorizados em projetos de engenharia.

Ao final das exposições aconteceu uma mesa-redonda, na qual os temas foram debatidos pelos presentes, que tiveram a oportunidade de esclarecer dúvidas e dar contribuições sobre o assunto. Durante a discussão, o aspecto destacado pela maioria dos participantes como um dos principais pontos de atenção de contratantes e contratadas foi o aperfeiçoamento das relações contratuais.

A partir do que foi discutido, o Fórum definiu as próximas ações a serem implementadas. Uma videoconferência com o tema “Aprimoramento das relações contratuais no âmbito das obras industriais e públicas” acontecerá no dia 01 de julho e, em 18 de julho, será realizado também um seminário, cujo tema e formatação serão oportunamente divulgados.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *